Ao Kleber Lima, por favor entrar em contato comigo. Novamente.
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quinta-feira, 15 de novembro de 2012
Tristan Tzara
falo de quem fala que fala eu estou só
Sou apenas um pequeno rumor
Sou apenas um pequeno rumor
trago vários deles em mim
um rumor gelado amarrotado em uma encruzilhada
atirado contra o chão de uma calçada úmida
sob os pés de homens apressados correndo com suas mortes
em torno da morte que estende seus braços
sobre o ponteiro da hora única viva sob o sol
um rumor gelado amarrotado em uma encruzilhada
atirado contra o chão de uma calçada úmida
sob os pés de homens apressados correndo com suas mortes
em torno da morte que estende seus braços
sobre o ponteiro da hora única viva sob o sol
Moreira Campos - Antecipação
Este fim de tarde,
estes túmulos,
a visita aos meus.
Esta solidão,
o silêncio dos meus próprios passos
entre carrapichos,
que se grudaram às minhas calças.
O apito longo da velha máquina
(perto é a oficina da Estrada de Ferro)
vem de longe,
tem tons de queixa e modulações de chamado.
Dominam-me a renúncia
e um desejo de antecipação.
estes túmulos,
a visita aos meus.
Esta solidão,
o silêncio dos meus próprios passos
entre carrapichos,
que se grudaram às minhas calças.
O apito longo da velha máquina
(perto é a oficina da Estrada de Ferro)
vem de longe,
tem tons de queixa e modulações de chamado.
Dominam-me a renúncia
e um desejo de antecipação.
sábado, 27 de outubro de 2012
Antônio Pinto de M. Filho - Poema do Desejo Impossível
Quero as lágrimas perdidas
E os risos perdidos
Os Risos inúteis
E as lágrimas de sal.
Quero de novo o sentido da vida
E a alegria mãe
A alegria extinta
E o sentido da vida que eu próprio matei.
terça-feira, 23 de outubro de 2012
Eduardo Galeano
Jamais me confessei. Eu não queria que vocês, os senhores padres, gozassem mais que eu com meus pecados, e por avareza os guardei para mim.
Gula? Desde a primeira vez que a vi, confesso que o canibalismo não me pareceu tão mau assim.
É luxúria isso de entrar em alguém e perder-se lá dentro e nunca mais sair?
Aquela mulher era a única coisa no mundo que não me dava preguiça.
Eu sentia inveja. Inveja de mim. Confesso.
E confesso que depois cometi a soberba de acreditar que ela era eu.
E quis romper esse espelho, louco de ira, quando não me vi.
domingo, 14 de outubro de 2012
Lord Byron - Trechos de O Prisioneiro de Chillon
I
Meus cabelos estão brancos,
mas não pela minha idade,
Nem ficaram assim repentinamente,
Da noite para o dia,
Como sucede aos homens angustiados;
Minha fronte está curvada, mas estou lúcido,
Apenas anquilosado pelo vil sedentarismo,
Que me impõem as limitações do calabouço;
Sou, portanto, uma daquelas vítimas
Para quem o ar livre e as paisagens
Estão mortas e sepultadas, pois estou preso,
Mas isto é o resultado da fé do meu pai:
Estou acorrentado e cortejado pela morte;
E meu pai pereceu martirizado
Por um ideal que jamais abandonou
E porque dele jamais se afastaria,
Por isso, nas trevas encontrou sua morada;
Éramos sete, agora resta apenas um,
Éramos seis jovens e um velho,
Que acabaram tal como começaram,
Orgulhosos por combaterem o ódio;
Um queimado, dois nos campos de batalha,
Seus ideais foram marcados com seu sangue,
Morrendo como seu pai também morreu,
Pelo Deus que seus inimigos renegaram;
Três foram executados na prisão
Dos sete eu sou o único sobrevivente.
mas não pela minha idade,
Nem ficaram assim repentinamente,
Da noite para o dia,
Como sucede aos homens angustiados;
Minha fronte está curvada, mas estou lúcido,
Apenas anquilosado pelo vil sedentarismo,
Que me impõem as limitações do calabouço;
Sou, portanto, uma daquelas vítimas
Para quem o ar livre e as paisagens
Estão mortas e sepultadas, pois estou preso,
Mas isto é o resultado da fé do meu pai:
Estou acorrentado e cortejado pela morte;
E meu pai pereceu martirizado
Por um ideal que jamais abandonou
E porque dele jamais se afastaria,
Por isso, nas trevas encontrou sua morada;
Éramos sete, agora resta apenas um,
Éramos seis jovens e um velho,
Que acabaram tal como começaram,
Orgulhosos por combaterem o ódio;
Um queimado, dois nos campos de batalha,
Seus ideais foram marcados com seu sangue,
Morrendo como seu pai também morreu,
Pelo Deus que seus inimigos renegaram;
Três foram executados na prisão
Dos sete eu sou o único sobrevivente.
[...]
XIV
Ignoro os meses, os dias e os anos,
Não os contei, não fiz anotações -
Não acreditava que meu olhos inda se abrissem,
E que fossem limpos da poeira do tempo;
Mas os homens, afinal, me libertaram;
Não perguntei por quê e nem onde estava;
Não me importava a distância nem o tempo,
Estar preso ou livre dava no mesmo,
Pois aprendi a amar a desesperança.
Agora que a liberdade se aproxima
E todas as correntes serão partidas,
Percebo que estas grossas paredes
São para mim, uma ermida somente minha!
E sinto como se elas estivessem a chorar
E como se fossem o meu segundo lar:
As aranhas se tornaram minhas amigas
E eu as observo no seu soturno labor,
Vi os camundongos brincarem ao luar,
Por que deveria me sentir inferior a eles,
Se vivemos todos sob o mesmo teto?
E eu o monarca daquele reino,
Poderia matá-los após chamá-los intrusos!
Naquela quietude onde aprendi a viver;
Minhas correntes e eu ficamos amigos,
Uma longa convivência mútua
Tornou-nos o que somos: – ainda que eu
Tenha recuperado esta enfadonha liberdade!
terça-feira, 9 de outubro de 2012
domingo, 23 de setembro de 2012
terça-feira, 11 de setembro de 2012
Morro dos Ventos Uivantes - Emily Brönte
"...Tenho que me lembrar de respirar, tenho quase que lembrar meu coração de bater! vivo como se me impulsionasse uma mola endurecida: é constrangido que realizo o ato mais insignificante, desde de que esse ato não dependa daquele pensamento único; é constrangido que reparo em qualquer coisa viva ou morta, se ela não esta associada à ideia que é para mim universal. Um único desejo alimento, e todo o meu corpo, todas as minhas faculdades anseiam por atingi-lo vêm ansiando por isso há tanto tempo, e tão inflexivelmente, que estou convencido de que esse desejo será satisfeito, e em breve, porque já dominou minha existência..."
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