sexta-feira, 11 de março de 2011

Walt Whitman

Oh, Capitão! Meu Capitão! Temerosa nossa viagem já findou
A nau todos os percalços suportou, o prêmio final nosso foi,
Perto está o porto, os sinos, exultantes, todos dobram,

Enquanto olhos espreitam a rígida quilha, a nau feroz e audaz;

Oh, coração! coração! coração!
Oh, gota de sangue derramado,
Ali, no convés, jaz meu Capitão,
Imóvel, frio, morto.
Oh, Capitão! Meu Capitão! levanta-te e os sinos ouve;
Ergue-te, que a bandeira, arriada, está – o clarim para ti vibra,
Para ti, ramalhetes e grinaldas de fitas ornadas – para ti, as praias de gente apinhadas,
Para ti, a massa oscilante, volvem, ansiosas, as faces!
Olha, Capitão! pai querido!
Sob a tua cabeça este braço!
Mais um pesadelo parece isso tudo;
Tu, imóvel, frio, morto.
A nada respondes meu Capitão, pálidos e fixos os lábios estão,
Meu pai o braço não me sente, o pulso pesado, exaurida a vontade,
Ancorada nau, incólume, completa e acabada viagem:
Vitoriosa a nau, de temerosa viagem, o esperado objeto conquistado traz:

Alegrai-vos, Oh, praias, Oh,  bronzes, tocai!
Eu, contudo, com passo enlutado,
Pelo convés caminho onde, estendido, se encontra meu Capitão,
Ali, caído, frio, inânime.