Pouco a pouco extinguem-se as paixões e os desejos, ao mesmo tempo que a capacidade de sofrer a ação dos objetos embota; os afetos não encontram mais nenhum estímulo, porque a força de representação vai se debilitando cada vez mais, suas imagens vão ficando mais descoradas, as impressões não aderem mais em nós, passando sem deixar traços, os dias precipitam o seu curso, os eventos perdem sua importância e tudo se reveste de um matiz pálido.
(...) Concluí-se daí que o cessar completo das funções vitais deve proporcionar um alívio singular à força motriz que o dirige, o qual talvez tenha participação na expressão de doce satisfação no semblante da maioria dos mortos. De um modo geral, o instante de passagem da vida para a morte é comparável ao acordar de um sono pesado, cheio de visões e pesadelos.