segunda-feira, 21 de fevereiro de 2011

Lima Barreto

(...) e o grosso espetáculo  doloroso da loucura mais arraigou no espírito essa concepção de um mundo  brumoso, quase mergulhado nas trevas, sendo unicamente perceptível o  sofrimento, a dor, a miséria, e a tristeza a envolver tudo, tristeza que nada  pode espancar ou reduzir. Entretanto, pareceu-me que ver a vida assim era  vê-la bela, pois acreditei que só a tristeza, só o sofrimento, só a dor faziam  com que nós nos comunicássemos com o Logos, com a Origem das Coisas e  de lá trouxéssemos alguma coisa transcendente e divina. Shelley, se bem me  recordo, já dizia: “Os nossos mais belos cantos são aqueles que falam de  pensamentos tristes”...

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 O meu sofrimento era mais profundo,  mais íntimo, mais meu. O que havia no fundo dele, eu não podia dizer, a sua  essência era meu segredo;


Cemitério dos vivos